quinta-feira, 5 de maio de 2011

A aprendizagem coletiva e o novo papel dos professores, sob a ótica de Pierre Lévy

POR MARLENE ROCHA
 
Pierre Lévy, no  capítulo XI do seu livro “Cibercultura”, trata sobre “As mutações da educação e a economia do saber”.
Ao falar sobre “A aprendizagem aberta e a distância”, destaca que os sistemas educacionais da atualidade encontram-se submetidos a novas restrições no que diz respeito à quantidade, diversidade e velocidade de evolução dos saberes, afirmando que “não será possível aumentar o número de professores proporcionalmente à demanda de formação que é, em todos os países do mundo, cada vez maior e mais diversa”.
Quando trata especificamente sobre “A aprendizagem coletiva e o novo papel dos professores”, diz que o ponto principal dessa temática é a mudança qualitativa nos processos de aprendizagem. Segundo Lévy, a direção mais promissora, que por sinal traduz a perspectiva da inteligência coletiva no domínio coletivo, é a da aprendizagem cooperativa.
Alguns dispositivos utilizados nessa aprendizagem em grupo e à distância, são especificamente concebidos para o compartilhamento de diversos bancos de dados e o uso de conferências e correio eletrônico. Fala-se então em aprendizagem cooperativa assistida por computador.
De qualquer lugar do mundo, numa sala de conferências online, um professor pode, simultaneamente, administrar aulas para diversas classes espalhadas pelos quatro cantos, mediante salas de teleconferências, usando em cada ambiente apenas um moderador. Os professores e os estudantes partilham os recursos materiais e informacionais de que dispõem. Assim, professores e estudantes aprendem simultaneamente, atualizando tanto seus saberes disciplinares quanto suas competências pedagógicas. O professor que atua na educação aberta e à distância deve ter uma formação contínua.
Os estudantes participam de conferências eletrônicas desterritorializadas e, por serem em grande número, podem contar com intervenção de excelentes professores e pesquisadores de sua disciplina, tendo em vista o custo benefício de um professor abrangendo inúmeras salas ao mesmo tempo. A principal função do professor deixa de ser a de difusor de conhecimentos e passa a ser o de incentivador da aprendizagem e do pensamento. Torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. O centro da sua atividade será o acompanhamento e a gestão das aprendizagens.
Quando fala do “Rumo a uma regulamentação pública da economia do conhecimento”, Lévy cita trabalhos versando sobre a multimídia como suporte de ensino ou sobre os computadores como substitutos incansáveis dos professores. E, quando trata do “Saber-fluxo e dissolução das separações”, afirma que o velho esquema segundo o qual aprende-se uma profissão na juventude para exercê-la durante o resto da vida encontra-se ultrapassado, visto que o aprender é contínuo e, as constantes mudanças que levam os indivíduos a migrarem de profissão várias vezes em suas carreiras. Há uma grande diferença entre período de aprendizagem e período de trabalho, visto que se aprende o tempo todo.
Fugindo um pouco da abordagem segundo Lévy, busquei informações em trabalhos científicos atuais. Num trabalho intitulado “Investigando o papel do professor em curso de educação à distância” de Patrícia da Cunha Garcia Voigt e da Professora Doutora Lígia Silva Leite, ambas da Universidade Católica de Petrópolis, encontrei um quadro comparativo entre o professor presencial e o professor de EAD, bem interessante:
PROFESSOR PRESENCIAL
PROFESSOR DA EAD
* De mestre (que controla e administra as aulas).
* Para parceiro (prestador de serviços quando o aluno sente necessidade ou conceptor – realizador de materiais).
* Só se atualiza em sua área específica;
* Atualização constante, não só de sua disciplina;
* Passar do monólogo sábio de sala de aula;
* Para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mails, telefone, etc.;
* Do monopólio do saber;
* À construção coletiva do conhecimento, através da pesquisa;
* Do isolamento individual;
* Aos trabalhos em equipes interdisciplinares e complexas;
* Da autoridade;
* À parceria;
* Formador – orienta o estudo e a aprendizagem, ensina a pesquisa, a processar a informação e a aprender.
* Pesquisador – reflete sobre sua prática pedagógica, orienta e participa da pesquisa de seus alunos...
(Belloni, 2001 p: 83)

Diante do quadro apresentado acima, podemos perceber um novo papel para o professor que antes era o “formador”, o “mestre” e agora, diante das novas tecnologias, surge como “pesquisador” e “parceiro”. O professor assume o papel de colega, mediador, motivador e facilitador do conhecimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário