sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Fichamento

Faculdade do Sul da Bahia
Curso: Comunicação Social / Jornalismo
Período:
Orientador: José Lêoncio
Acadêmica: Mirian O. Ferreira


Fichamento
O Dilúvio
Pierre Lèvy
 
Pierre Lévy, fez mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação, na Universidade de Sorbonne, França. Trabalha desde 2002 como titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva na Universidade de Ottawa, Canadá. É membro da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).

Dilúvio é a introdução do livro Cibercultura, e a proposta deste livro é justamente pensar a cibercultura, o autor Pierre Lèvy diz que por mais que seja otimista ele não pode prometer que a internet venha resolver todos os problemas culturais e sociais do planeta, no entanto é possível reconhecer dois fatos: Em primeiro lugar, que o crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem. E em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorarmos as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômicos, políticos, cultural e humano.
Levy lembra que, aqueles que denunciavam a cibercultura são semelhantes aqueles que denunciavam o rock dos anos 50 ou 60, que não acabou com a fome e a miséria no mundo, mas nem por isso deixou de contribuir nas aspirações e sonhos da juventude. O cinema também foi criticado no seu nascimento e hoje é reconhecido como uma arte completa.

Para Levy, o problema não é ser a favor ou contra, mas permanecermos abertos as novidades e as mudanças, ou seja, ao “conhecer”. Os argumentos de que a rede está se tornando cada vez mais uma finalidade mercadológica e paga não cola, uma vez que sistemas mais antigos também geraram e ainda geram mercado. Os serviços pagos aumentam, mas também, os serviços gratuitos.
 Levy afirma que, não são os pobres que se opõem a rede, mas, sim aqueles, cujos poderes estão sendo ameaçados. Ele lembra que, numa entrevista nos anos 50, Albert Einstein reconheceu a explosão de três bombas: a bomba Atômica, a bomba Demográfica e a bomba das Telecomunicações. Em apenas um século, a humanidade sextuplicou, passando de 1 bilhão para 6 bilhões de pessoas.
Para o problema da superpopulação existem duas soluções: ou a guerra ou a integração facilitada pelas telecomunicações. Com o dilúvio “informacional” que deparamos atualmente, nos resta perguntar onde está Noé? E o que deve ser colocado na Arca? Levy reconhece que o dilúvio informacional não terá fim e, temos que ensinar nossos filhos a nadar e navegar nesse universo. Também, neste novo mundo existem diversas arcas navegando. Cada qual tentando salvar a sua parcela e preservar a diversidade.
Segundo Levy, na oralidade a informação não tem mobilidade social, na escrita já supera a dimensão de tempo e espaço e, na virtualização ganha ainda maior mobilidade. Levy lembra que a arca do primeiro dilúvio era única, as do segundo, são várias e intercambiam-se entre si. Muitos imperadores e mentes ignorantes se levantaram contra o conhecimento no decorrer da historia. Mas, esse novo “dilúvio” informacional é muito mais difícil de ser destruído pela ignorância.
 Pierre Levy reconhece que a tecnociência produziu tanto a bomba atômica quanto as redes interativas. Portanto, as técnicas não determinam nem as trevas nem a iluminação para o futuro humano. O mundo humano é ao mesmo tempo técnico, ou seja, permeado de técnicas e inseparável de signos que ele próprio criou. E, as verdadeiras relações são criadas entre os humanos que intercambiam a técnica e seus signos entre si.Neste contexto, surge à noção de ciberespaço, também designado por rede, o qual mais não é mais do que um novo meio de comunicação, que emerge a partir da interligação mundial de computadores. Segundo Pierre Lévy, este termo designa não só a infraestrutura  material da comunicação digital, mas também o universo oceânico das informações que ele alberga, bem como os seres humanos que nele navegam e o alimentam. Daqui se conclui que os internautas são produtores e consumidores da informação existente no ciberespaço.
Desta forma, o autor considera o ciberespaço como o sistema do cãos na medida em que a informação emerge exponencialmente na rede de forma desorganizada. Este crescimento da informação deve-se ao fato de a cada minuto, novos inputs ocorrerem na rede, sendo cada vez maior o n.º de computadores que se ligam ao ciberespaço através dos seus nós. Cada nó de uma rede em permanente expansão tem a capacidade de se vir a tornar um emissor e um recetor de nova informação, imprevisível, bem como a possibilidade de reorganizar uma parte da interação global.
No entanto,  uma vez que as mensagens mediáticas divulgadas na rede serão lidas por milhares de utilizadores, ela é composta de forma a gerar um denominador mental comum entre os destinatários. O principal evento cultural anunciado pela conjuntura do ciberespaço é a desconexão da universalidade e da totalização.  Atendendo à incapacidade humana de armazenar na sua “Arca de Noé” toda a informação, devido à sua  diversidade e constante mutação, cada indivíduo deve filtrar, organizar hierarquizar e armazenar a informação que considera relevante. Na rede iremos encontrar uma multiplicidade de “arcas” que representam os interesses pessoais dos indivíduos, reconstituindo-se a memória coletiva através da interação dos mesmos. A Web desenvolver-se a um ritmo vertiginoso, verificando-se a proliferação das ferramentas colaborativas, dos blogs, fóruns, comunidades virtuais de aprendizagem bem como das redes sociais. Desta forma, importa referir que a Internet sempre foi encarada como um ponto de conexão e de partilha, no entanto ao longo da sua existência a mesma tem apresentado um caráter evolutivo.